MPRJ denuncia funcionários de empresa que atua no Maracanã por racismo durante revista de torcedora do Fluminense
16/07/2025
(Foto: Reprodução) MPRJ denuncia funcionários de empresa que atua no Maracanã por racismo durante revista de torcedora do Fluminense
O Ministério Público denunciou dois funcionários da empresa Sunset por racismo contra uma torcedora do Fluminense. O caso aconteceu em um jogo da equipe tricolor contra o Fortaleza no Maracanã, em 2024.
Na denúncia, o Ministério Público pede ainda a suspensão das atividades da empresa Sunset Vigilância e Segurança por três meses.
A administradora Alice Valentim Nunes alega que foi vítima de racismo durante uma revista quando entrava no estádio em dia 22 de novembro do ano passado.
“Quando eu pensei que tivesse finalizado a revista, ela colocou a mão no meu cabelo, sem pedir permissão, nem nada. Estava usando black, meu cabelo solto. Ela pegou no meu cabelo. Aí eu me afastei e falei: ‘no meu cabelo você não vai encostar’”, relatou Alice.
O argumento da funcionária da empresa Sunset deixou Alice ainda mais indignada.
"Ela disse: 'Pode acontecer de ter um sinalizador, alguma coisa, como já aconteceu aqui'. Eu fiquei tão desorientada, eu falei se você quiser, eu posso até abrir, eu te mostro que não tem nada, mas não quero que você encoste em mim"', relembrou.
Alice disse que o marido dela gritou que o que estava acontecendo era racismo, um segurança apareceu e intimidou o homem. O caso foi parar na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
Alice Valentim Nunes diz que foi vítima de racismo em uma revista no Maracanã
Reprodução/TV Globo
Os seguranças foram identificados como Erika Nascimento dos Santos e Carlos Augusto de Paula Maciel Machado, que foram indiciados por racismo.
Na denúncia do MP, o promotor Alexandre Themístocles afirmou que a revista "extrapola os limites legais", e que "à vítima foi dado tratamento discriminatório, causador de humilhação e de exposição indevida e que não se dispensou às outras pessoas".
"A irrazoável suposição de que o cabelo da vítima escondia um “sinalizador” estigmatizou uma característica própria da autoestima e da identidade da mulher negra para colocá-la numa posição social inferior", diz outro trecho da decisão.
"Na verdade, me senti humilhada, me senti discriminada, você olha pro lado e não vê ninguém sendo tratado da mesma maneira. O que me fez parecer suspeita? Fiquei pensando", disse Alice.
O que dizem os citados
Em nota, a Sunset diz que repudia qualquer ato de racismo, discriminação, preconceito ou conduta desrespeitosa, contrários aos valores contidos em seu código de ética.
A empresa alega que se pôs à disposição das autoridades para total elucidação dos fatos que aconteceram no maracanã.
Questionada se os funcionários continuam no quadro da empresa, a Sunset não se pronunciou.
O g1 não conseguiu contato com os citados.